A Visão de Urbano VIII

Era um dia de silêncio solene nos jardins do Vaticano. O Papa Urbano VIII, já avançado em idade, refletia sobre os mistérios da fé quando foi informado da chegada de um jovem frade franciscano de nome José de Cupertino. A fama do humilde religioso havia alcançado os ouvidos do pontífice: diziam que ele levitava durante a oração, tomado por êxtase divino.

Com ceticismo misturado à curiosidade, o Papa consentiu em encontrá-lo. Assim que José entrou no pátio, envolto em seu manto escuro e com os olhos voltados ao céu, caiu de joelhos e começou a rezar com fervor. Para espanto de todos — inclusive do próprio Urbano VIII — o corpo do frade começou a se erguer suavemente do chão.

O Papa, surpreso, permaneceu imóvel. Seus olhos se fixaram na cena com uma expressão de reverência e assombro. Nunca havia presenciado um sinal tão claro da presença de Deus em um homem tão simples.

Após alguns instantes no ar, José pousou suavemente e aproximou-se do Papa. Com os olhos ainda cheios de luz e fervor, disse em voz baixa, quase como um sussurro profético:

— Santidade, o Senhor me mostrou o dia e a hora de sua partida para a glória. Não tema, pois vossa alma será recebida com honra.

O Papa ficou atônito. José lhe confidenciou a data e a hora exatas. Urbano, emocionado e perturbado, nada respondeu. Mas a profecia ficou gravada em seu coração.

Meses depois, exatamente na hora prevista, o sino da Basílica ecoou seu toque fúnebre. O Papa Urbano VIII havia falecido em paz, como lhe fora revelado.

Desde então, ninguém mais duvidou de que José de Cupertino era um homem tocado pelos céus.